Quando você chega em um país novo, geralmente, está começando uma vida nova. Vida nova costuma vir com uma dose de incerteza e por isso, mesmo tendo algum pé de meia, buscamos casas mais acessíveis, principalmente se a ideia for comprar.
Mas o que leva uma casa a ser mais barata? Localização, segurança, oferta de transportes, infra estrutura e até a vulnerabilidade em relação aos fenômenos naturais. Lembre-se que os riscos climáticos nos Estados Unidos envolvem tornados e furacões, terremotos e inundações.
Nos últimos anos, com a elevação do nível dos oceanos, os riscos de inundação, principalmente em cidades costeiras, têm crescido muito e a cada inundação, novas áreas são atingidas.
Inundações são um risco tão significante e recorrente nos EUA que raramente fazem parte das apólices de seguro residencial, e você só terá essa cobertura se contratar a parte.
Falta de informação?
As estatísticas das tragédias apontam para uma situação alarmante: os proprietários, ao alugar os imóveis, não informam sobre os riscos de inundação. Isso pode fazer você desistir de alugar? Sim, porém além da honestidade necessária, o proprietário te dará a chance de decidir alugar mesmo assim, devido o valor reduzido, e se preparar caso a enchente chegue.
A falta de informação deixa os inquilinos e seus pertences vulneráveis, mas sabendo do risco, o inquilino pode adquirir um seguro específico e até investir em formas de contenção.
Em mais da metade dos estados, quem compra casa recebe informações sobre o risco de enchentes. Além disso, muitos proprietários de casas nas áreas mais propensas a inundações são obrigados a adquirir seguro contra inundações, o que significa que os credores hipotecários os informam sobre o risco de inundações. Porém, com os inquilinos o procedimento é geralmente diferente.
Foram verificadas leis em 29 estados que exigem a divulgação do risco de inundação durante as transações imobiliárias, porém apenas uma menciona os inquilinos. É uma lei da Geórgia e não se aplica a todos os que alugam: os proprietários só devem divulgar se um apartamento ou casa alagou pelo menos três vezes nos cinco anos anteriores.
Além das cidades costeiras
As cidades costeiras enfrentam mais inundações à medida que o nível do mar aumenta e as mudanças climáticas causam furacões maiores com mais frequência.
Entretanto, a falta de divulgação do risco de inundação é particularmente notável em cidades não localizadas na costa e onde as fontes de inundação podem ser menos óbvias para os residentes.
A maior dessas cidades é Chicago. À medida que a mudança climática torna as chuvas extremas mais comuns, Chicago sofreu inundações repetidas e os prejuízos para a população mais pobre são incalculáveis.
Cerca de 77.000 propriedades em Chicago correm um risco significativo de inundação nos próximos 30 anos, de acordo com uma análise recente da First Street Foundation, um grupo que reúne e analisa dados ambientais.
Mais da metade dos residentes de Chicago são locatários, de acordo com dados do censo de 2019. O mesmo acontece em outras cidades importantes, incluindo Atlanta, Nova York, Los Angeles e Houston.
Em todo o país, cerca de um terço dos americanos alugam suas casas. As pessoas negras e latinas têm maior probabilidade de alugar porque as políticas discriminatórias de moradia, emprego e bancárias ao longo das décadas, ainda as impede do sonho da casa própria.
Como resultado, mais de 70% dos americanos brancos têm casa, enquanto menos de 50% dos americanos negros e latino-americanos têm.
Vergonha e medo
Algo que dificulta a coleta de dados sobre os prejuízos das enchentes urbanas está no medo e na vergonha dessas pessoas que já vivem em situação vulnerável e ainda enfrentam discriminação e desconfiança.
Muitas pessoas não falam publicamente sobre os danos causados às propriedades alugadas por medo de revelar os prejuízos ao proprietário, acreditando que podem ser responsabilizados.
Outros sentem vergonha do lugar ou da situação em que vivem e não querem registrar que um rio de lama invadiu sua casa e acabou com tudo lá dentro.
De qualquer forma, os que pedem ajuda são muitos, e esses, em geral, não sabiam dos riscos de enchentes nas áreas em que vivem e foram pegos de surpresa pela devastação das águas da chuva.
Desigualdade
Os inquilinos em maior risco são aqueles cujo espaço residencial é subterrâneo. Muitas pessoas alugam esses apartamentos porque custam menos.
Inquilinos que perderam seus pertences em uma enchente não se qualificam para alguns tipos de assistência federal disponíveis para os proprietários. Ou seja, há menos segurança disponível quando perdem seus pertences ou quando uma inundação torna seus apartamentos inabitáveis.
Como resultado, a falta de divulgação do risco de inundação aos inquilinos provavelmente contribui para resultados desiguais após desastres de inundação.
Pesquisas após inundações recentes descobriram que os locatários que passaram por grandes desastres e não têm economias para recorrer, têm maior probabilidade de falir e ver sua pontuação de crédito cair nos anos após um desastre.
E os inquilinos que não são brancos têm ainda menos probabilidade do que os brancos de receber ajuda federal após uma enchente, de acordo com uma pesquisa recente sobre assistência em desastres.
Ou seja, essa falta de informação e assistência, contribui ainda mais na manutenção e no aumento das desigualdades sociais e étnicas.
Situação em Massachusetts
Segundo um estudo associado a uma ferramenta de mapeamento do Climate Central, as moradias acessíveis em Massachusetts estão entre as mais vulneráveis a enchentes.
Os pesquisadores dizem que esse é o primeiro estudo que sobrepôs dados de moradias populares com aumento do nível do mar e dados de risco de inundação.
Esse estudo mostra que, junto com Nova Jersey e Nova York, Massachusetts tem um dos maiores números de unidades habitacionais acessíveis ameaçadas por níveis extremos de água.
E os pesquisadores dizem que nas próximas três décadas o número de unidades em risco pode triplicar em todo o país.
Pesquisas anteriores mostravam os impactos do aumento do nível do mar e das inundações costeiras sobre moradias e população em geral, porém desta vez quiseram ir mais fundo sobre os prejuízos à população mais vulnerável.
O estudo observou que apenas 20 cidades respondem por 75% da exposição geral às inundações costeiras. Essa lista inclui Quincy, Revere e Boston.
Bairros costeiros como Quincy e Revere podem enfrentar cenários drásticos. Os pesquisadores dizem que mais de 90% das moradias populares estarão expostas a enchentes nas próximas décadas.
O que o governo tem feito sobre isso?
O Congresso tem o incentivo e o poder de melhorar a divulgação do risco de inundação aos inquilinos e compradores de casas.
A grande maioria dos seguros contra inundações residenciais é fornecida pelo governo federal e apoiada pelos impostos, incluindo apólices de seguro contra inundações que cobrem os pertences dos inquilinos.
O Programa Nacional de Seguro contra Inundações tem cerca de US $20 bilhões em dívidas devido aos desastres de inundação cada vez mais generalizados.
Mas os esforços repetidos do Congresso não conseguiram revisar o programa e fornecer mais informações sobre a localização e a frequência do risco de inundação. Um dos motivos é que os governantes eleitos de ambos os partidos temem que mais divulgações de inundação possam reduzir os valores das propriedades de seus constituintes.
Mais uma vez nos deparamos com o protecionismo ao proprietário e abandono dos inquilinos.
Vários estados têm tido propostas na Câmara voltadas ao problema da falta de informação sobre as áreas de risco, porém, até agora, nada foi muito para frente.
O que fazer?
Infelizmente, ficamos à mercê do nosso senhorio e da honestidade dele em avisar sobre os riscos de inundações da área.
Mas para que você minimize seus riscos e possa ficar mais tranquilo sobre a segurança da sua casa, escrevemos um guia com 6 PERGUNTAS SOBRE INUNDAÇÕES que vão te ajudar a obter de forma confiável, as informações que você precisa, só clicar aqui para ficar preparado.
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