Continuando ainda na semana da mulher, o nosso artigo em homenagem às mulheres latinas que fazem os EUA andarem para frente, abordaremos as questões econômicas e políticas. Vendo os dados de força de trabalho, empreendedorismo e poder de compra. 

Participação das mulheres latinas na força de trabalho e salários

Aliadas à juventude e à vontade de vencer em um país novo, as mulheres latinas vêm ocupando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, características que podem ajudar a combater a saída mais ampla de mulheres e baby boomers da força de trabalho. 

Porém, a sociedade americana, como um geral, ainda se baseia no preconceito com base em raça, etnia, sexo e status de migração, o que leva as mulheres latinas para ocupações com salários mais baixos e condições de trabalho inferiores. 

  • Durante as últimas duas décadas, a participação das latinas na força de trabalho aumentou lenta mas constantemente, de 55,9% em 1999 para 57,7% em 2019. 
  • Em 2019, as latinas ganharam uma média de US$ 32.470 – apenas 55% do que homens brancos não hispânicos ganharam e 81% do que os homens latinos ganharam. No ritmo atual de mudança, a diferença salarial entre as latinas e os homens brancos não hispânicos não fechará até o ano de 2451.
  • As latinas têm forte participação em ocupações de serviços de baixa remuneração: elas têm duas vezes mais chances de trabalhar nesses tipos de empregos do que mulheres brancas e não hispânicas. 
  • No entanto, isso não se repete em ocupações bem pagas de gestão, negócios e operações financeiras: uma em cada cinco mulheres brancas trabalha nessas ocupações em comparação com quase uma em cada oito mulheres latinas.
  • Latinas são 20% de todas as mulheres nas Forças Armadas e 30% das mulheres no Corpo de Fuzileiros Navais. A carreira militar oferece treinamento, acesso à educação de qualidade, chance de crescimento, além de ser um meio de mostrar e provar o seu patriotismo. 

As mulheres latinas empreendendo nos EUA

Optar pelo empreendedorismo como meio de subsistência familiar, permite uma maior flexibilidade de horários e autonomia, inclusive, para contratar outros latinos e colocar a economia LatinX pra girar. 

Muitas mulheres latinas não optam, mas enxergam no negócio próprio, a única oportunidade de trabalhar, sem depender da decisão de outra pessoa se ela tem ou não tem “perfil” para determinadas áreas de atuação. 

  • Em 2019, havia 2,3 milhões de empresas de propriedade de mulheres latinas representando 18% de todas as empresas que pertenciam a mulheres. Além disso, estas empresas cresceram quase o dobro das outras empresas pertencentes à mulheres, com uma taxa de 40%.
  • As latinas empreendedoras foram responsáveis por quase todo (93%) do crescimento nas empresas empregadoras de propriedade de mulheres em geral entre 2017 e 2018, empregando quase 700.000 pessoas.
  • Desde 2007, o número de proprietárias latinas de pequenas empresas aumentou mais rapidamente do que qualquer outro segmento racial ou étnico, representando uma taxa de crescimento de 172%. 
  • As empresas empregadoras que pertencem a mulheres latinas já estão ultrapassando as empresas que pertencem a homens latinos, entre 2017 e 2018, as empresas das mulheres cresceram 7,6%, enquanto as dos homens cresceram 1,4%. 
  • Mais de dois terços do crescimento das empresas empregadoras latinas podem ser atribuídos às mulheres latinas.
  • São lançadas diariamente, uma média de 400 empresas possuídas por mulheres latinas que geram US $97 bilhões anualmente.

Estabilidade profissional e financeira 

Apesar dos avanços e conquistas, ainda há um número significativo de latinas e consequentemente, de famílias latinas sem estabilidade financeira e com alta vulnerabilidade aos acontecimentos externos. 

Como se já não bastasse a diferença salarial e a dificuldade de entrar no mercado de trabalho em cargos que pagam melhor, qualquer instabilidade no mercado impacta diretamente nas mulheres latinas. 

A pandemia, por exemplo, impactou rápida e diretamente nos empregos dessas mulheres. Uma em cada cinco estava desempregada em abril de 2020. Com o retorno das atividades econômicas, a taxa de desemprego entre elas já diminuiu, porém a movimentação do mercado deixou bem clara a vulnerabilidade das mulheres latinas nesse quesito. 

A COVID-19 teve um impacto particularmente devastador: 21% das latinas perderam o emprego nos primeiros dias da pandemia, quase um quarto das latinas não tem acesso a seguro de saúde e apenas 16% têm a oportunidade de trabalhar em casa, o que torna o trabalho delas ainda mais instável nesses tempos. 

Poder de compra

As mulheres latinas influenciam o crescimento do poder de compra dos latinos em geral, que chegou aos US $1,5 trilhões em 2018 e que as projeções são de aumento para US $1,9 tri até 2023. Para quem quer produzir e vender na sociedade americana, esses dados são de extrema importância. 

  • As latinas são responsáveis pelo crescimento do consumo em setores altamente rentáveis como o da beleza, dos dispositivos móveis (celulares, tablets e notebooks), dos automóveis e dos investimentos. 
  • Latinas frequentemente assumem a gestão financeira das casas, o que as coloca com um grande poder decisório sobre o que é consumido por aquela família. 
  • A média familiar latina é de 3.26 membros comparada aos 2,42 membros de famílias não latinas, o que torna as mulheres latinas ainda mais influentes nas decisões de consumo. 
  • Em comparação com mulheres brancas não latinas, as mulheres latinas tem o seguinte poder de decisão: 
  • 44% das latinas decidem sobre meios de economizar e investimentos, comparado aos 36% de mulheres não latinas
  • 38% das latinas escolhem os restaurantes frequentados, em comparação aos 28% de mulheres não latinas
  • 67% das latinas escolhe os produtos e alimentos comprados no supermercado, comparado aos 59% de mulheres não latinas
  • 66% escolhe onde comprar as roupas e calçados da família, em comparação aos 61% de mulheres não latinas. 

Fonte: Gfk Consumer Life (Roper Report US)

Mulheres latinas e a política nos EUA

Estima-se que somos 62,1 milhões de latinos nos EUA, o que equivale a 18,7% da população total do país e responsáveis por 51,1% do crescimento da população entre 2010 e 2020. 

Com o crescimento da população, é mais do que natural voltarmos os olhos para todas as questões políticas dos EUA, mas principalmente a representação nas cúpulas decisoras do país. E também é necessário entender o poder das mulheres latinas como eleitoras. 

  • Desde 2019, 79,3% das latinas que vivem nos EUA são cidadãs americanas.
  • O número de eleitores latinos aumentará dramaticamente nas próximas décadas. Um milhão de latino-americanos completará 18 anos todos os anos pelo menos nas próximas duas décadas.
  • 94% dos latinos com 18 anos ou menos nasceram nos Estados Unidos.
  • 50% das latinas que podem votar, votaram nas eleições de midterms de 2016, em comparação com 45% dos homens latinos elegíveis.
  • As mulheres latinas são mais propensas do que os latinos a votar em candidatos democratas – uma preferência aparente em vários estados decisivos nas eleições presidenciais de 2020.
  • Latinas são mais propensas a apoiar os candidatos que levantam a bandeira da igualdade salarial, acessibilidade à faculdade, licenças remuneradas e direitos reprodutivos.

As mulheres latinas são um grupo demográfico muito cobiçado, não há ninguém mais poderoso do que uma consumidora latina, uma eleitora latina, uma empresária latina, ou mesmo uma política latina, para apoiar as causas que elas acreditam. 

Um bom exemplo disso é a congressista de NY Alexandria Ocasio-Cortez, de ascendência porto-riquenha, eleita aos 28 anos. Ela defende, entre outras causas, a implementação de um sistema de saúde universal, mais direitos trabalhistas, abolição da Agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira do governo e mais acesso à educação pública.

O futuro dos EUA está diretamente associado à educação, saúde e bem-estar econômico das latinas. 

Para saber mais…

Se quiser saber mais sobre a comunidade LatinX, temos uma série de artigos que podem te interessar: 

LATINX COMMUNITY: é só o começo!

LATINX POWER: os latinos e o mercado imobiliário nos EUA

LATINX WEALTH: reservas, investimentos e aposentadoria

LATINX IN BUSINESS: latinos e empreendedorismo nos EUA